Trair a soberania é o maior crime que um governo pode cometer, diz Lula


'Estão entregando criminosamente a outros países o patrimônio do povo brasileiro', afirmou ex-presidente durante abertura do 7º Congresso Nacional do PT

Em discurso durante a abertura do 7º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) realizado na noite desta sexta-feira (22/11), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a postura do atual governo brasileiro com relação às empresas públicas e recursos naturais e afirmou que "trair a soberania é o maior crime que um governo pode cometer contra seu país e seu povo".

"Soberania significa independência, autonomia, liberdade. O contrário é dependência, servidão, submissão. É o que está acontecendo hoje. Estão entregando criminosamente a outros países as empresas, os bancos, o petróleo, os minerais e o patrimônio que pertence ao povo brasileiro", disse.

O ex-presidente destacou a capacidade de "construir uma grande nação, à altura dos nossos sonhos, das nossas imensas riquezas naturais e humanas" e afirmou que os governos petistas provaram que "é possível enfrentar o atraso, a pobreza e a desigualdade, desafiando poderosos interesses contrários ao país e ao povo".

Lula ainda lembrou que "a Petrobrás está sendo vendida em fatias a suas concorrentes estrangeiras" e disse que o povo brasileiro irá "recuperar aquilo que lhe pertence".

"Fiquem alertas os que estão se aproveitando dessa farra de entreguismo e privatização predatória, porque não vai durar para sempre. O povo brasileiro [...] saberá cobrar os crimes dos que estão traindo, entregando e destruindo o país", afirmou.

Sobre os recursos naturais, o petista ainda disse que a defesa da biodiversidade é "tão importante quanto defender o patrimônio público ameaçado" e que o governo federal deveria "utilizar esse patrimônio, fonte de vida, com responsabilidade social e ambiental".

Neoliberalismo e classe trabalhadora

O ex-presidente afirmou que o PT deve "dialogar com um mundo novo" onde "o peso da injustiça recai sobre os motoristas de aplicativos, os jovens que perdem a saúde e arriscam a vida fazendo entregas em motos, bicicletas, ou mesmo a pé".


Lula destacou que a única relação de trabalho que esses trabalhadores precarizados "conhecem não é a carteira profissional, mas um telefone celular que ele precisa recarregar desesperadamente".

"Esse é o lugar que resta aos deserdados de um modelo neoliberal excludente, cada vez mais desumano. Um mundo em que o mercado é deus e em que a solidariedade deixa de ser um valor universal, substituída por uma competição individualista feroz", afirmou.

Para o ex-presidente, "se as formas de exploração mudaram, a injustiça e a desigualdade permanecem e são cada vez mais cruéis. Temos de estar mais organizados, mais fortes, conscientes e mais decididos do que nunca a construir um país mais generoso, solidário e mais justo".

Lula criticou o neoliberalismo, classificando o sistema como um projeto "que não deu certo em lugar nenhum do mundo, que vai destruir a previdência pública e que ao invés de gerar os empregos que o povo precisa está implantando novas formas de exploração".

"Alguns professores de deus defendem um modelo suicida de austeridade fiscal e redução do estado, que não deu certo em nenhum lugar do mundo. Tiveram o apoio da mídia e das instituições para culpar os governos do PT por tudo de ruim que havia no Brasil. Mentiram que tirando o PT do governo tudo se resolveria, por obra do mercado e do ajuste fiscal, e os problemas se agravaram ainda mais", disse.

O ex-mandatário também abordou a relação dos procuradores da operação Lava Jato com os Estados Unidos e o fundo de R$2,5 bilhões gerido por eles, resultado de um acordo feito com os EUA, que foi suspenso pelo STF.

"Não tem moral, não tem autoridade para discutir ética quem deu cobertura aos procuradores de Deltan Dallagnol e Rodrigo Janot quando eles entregaram a Petrobrás aos tribunais dos Estados Unidos, um crime de lesa-pátria que já custou quase 5 bilhões de dólares ao povo brasileiro", afirmou.

Lula ainda disse que os casos de corrupção da Lava Jato são conhecidos mundialmente e que, "ao contrário de combater a impunidade e a corrupção, a Lava Jato corrompeu-se e corrompeu o processo eleitoral e uma parte do sistema judicial brasileiro".