Veto a comercial do BB não é só preconceito, é dano ao banco público


Fernando Brito - Tijolaço

Por um acaso, sei dos antecedentes da campanha do Banco do Brasil que Jair Bolsonaro determinou que fosse retirada do ar.

Ela nasceu da necessidade de que o banco se posicionasse diante do crescente público jovem de serviços bancários, mercado onde o BB encontra, além da competição dos outros bancos comerciais “tradicionais”, os bancos virtuais e as “fintechs”.

O assunto é uma das preocupações dos grandes bancos há anos, atentos à renovação de sua carteira de clientes.

É uma área onde o BB tem dificuldades de competição.

Ao contrário do público formado por nós, os “coroas”, tradição, história, segurança, presença física disseminada em agências e outros valores próprios do “banco físico” importam pouco.

Ir à agência, falar presencialmente com o gerente, o “acolhimento” do cheque com a marca, coisas importantes para as gerações mais velhas, para este segmento são algo “sem noção”.

Tudo, para eles, é feito no celular. E “modernidade” é a identidade básica a encontrar no serviço.

No último “Top of the Minds” da Folha, em matéria de aplicativos de bancos, o BB ficou atrás de Itaú e Bradesco, ao contrário do que acontece na categoria de serviços financeiros, onde é o líder.

O Banco do Brasil, estatal, é um banco comercial, que disputa mercado, e a intervenção de Jair Bolsonaro lhe é danosa comercialmente.

O prejuízo vai além do filme e dos outros materiais “jogados fora”. São milhares de contas que o banco perde por estar ausente da disputa comercial e a perda de identidade que ele tem com o público “entrante” no sistema bancário.

Alguém tem de explicar ao senhor Bolsonaro que publicidade não é “marreta” com a qual apenas se “dá” dinheiro a veículos de comunicação. Publicidade “vende” e quem não “vende” tem prejuízo.

É o que Bolsonaro deu ao Banco do Brasil, suspendendo a campanha, que não tem nada que mesmo um obtuso poderia chamar de imoral. E, de quebra, causa um prejuízo maior porque ajuda a fixar a imagem do BB como um banco antidiversidade, onde a cor da pele, do cabelo, e outras das mil identidades do público jovem não se sentem acolhidas.

Isso não é ideológico, senhor capitão, é mercadológico.

O senhor, além de preconceituoso, é uma besta.

A menos que sua intenção seja esta mesmo, a de fazer o BB perder mercado.