Nem passado, nem futuro na reforma de Bolsonaro


Fernando Brito - Tijolaço

Anaïs Fernandes e Talita Fernandes, na Folha, chamam a atenção para o fato de que a proposta de reforma previdenciária do governo Bolsonaro não ser cruel apenas com os mais velhos, que já estão no mercado de trabalho.

É que, com a eliminação do recolhimento de FGTS e da multa por demissão para a contratação de trabalhadores já aposentados, os mais jovens passarão a ter uma escolha trágica: ou aceitam o que virá de redução de direitos com a tal “carteira verde amarela” ou serão preteridos em muitos postos de trabalho onde não for requerido vigor físico.

Afinal, contratar um aposentado significa, com isso, um economia de 11,2% ao empregador, isso se não acabar caindo a obrigação de recolhimento de INSS sobre sua folha, o que é provável, desde que o Supremo vedou o recálculo de benefício da chamada “desaposentação”.

Reparem, não será sequer uma possibilidade de que o trabalhador de mais idade enfrentar o desemprego que o impeça de alcançar o tempo de contribuição.

É, simplesmente, a criação de um empregado mais barato para determinadas funções (caixas de supermercados e outros comércios, por exemplo).

Quem quiser competir com essa “vantagem” terá de abrir mão de direitos pela aceitação da tal “carteira verde amarela).

Terá, não. Todos teremos, porque com um novo regime de relações de trabalho “mais barato” será escolher entre aderir ou ficar na rua.