Escola dos EUA castiga alunos com choques elétricos (e é legal)


A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tenta aquilo que ninguém conseguiu até agora, apelando a Donald Trump para acabar com os choques elétricos que são dados a alunos com Necessidades Educativas Especiais em uma escola de Boston, como forma de castigo.

O Judge Rotenberg Center, que acolhe crianças com Necessidades Educativas Especiais, em Boston, nos EUA, tem como método pedagógico a aplicação de choques elétricos aos alunos que não cumpram as regras.

Uma prática muito contestada e vista como “uma forma de tortura” pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos que tenta acabar com ela.

O jornal The Guardian esteve no centro fazendo uma reportagem e salienta que os 47 residentes da escola são sujeitos a “tratamentos” com choques elétricos mais fortes do que os das armas taser.

Denominada “terapia aversiva”, a prática é inspirada na Teoria Comportamental que defende: os alunos bem comportados devem receber um reforço positivo, enquanto os que se portam mal devem receber um reforço negativo.

As crianças usam, ao longo de todo o dia, mochilas equipadas com um dispositivo elétrico denominado “GED”, com eletrodos ligados ao peito, braços ou pernas. Quando tentam agredir alguém ou machucar a si próprias, os funcionários do espaço ativam o mecanismo através de um controle remoto.

Mas o centro também recorre aos choques elétricos de outra forma, como ilustra um vídeo divulgado na internet em 2014, e que mostra um aluno de 18 anos recebendo o “tratamento” amarrado a uma maca. O jovem teria recebido 31 choques elétricos ao longo de sete horas e é possível ouvi-lo gritar “isso dói”.

https://youtu.be/YcxpGKctZMs



Responsáveis do Judge Rotenberg Center garantem ao The Guardian que os choques elétricos são usados “como último recurso” em situações de grande violência, mas há organizações que acusam a instituição de aplicar o tratamento de forma recorrente, para castigar todo o tipo de maus comportamentos.

No site do centro educacional é destacado que o estabelecimento proporciona “tratamento e educação muito eficientes tanto para estudantes com distúrbios emocionais de conduta e comportamento”, como para alunos com “incapacidades intelectuais ou do espectro autista”.

A instituição nota ainda que visa providenciar a cada estudante “a forma de tratamento menos invasiva e mais eficaz para assegurar sua segurança, a segurança de outros e promover o crescimento e desenvolvimento saudável”, tentando “minimizar o uso de medicação psicotrópica”.

A escola diz também que tem um “programa de recompensas” para os estudantes que completem seus trabalhos acadêmicos, com as salas incluindo áreas com televisão, rádio e jogos. Além disso, há um cinema com um snack bar, um café com internet, um salão de beleza e uma loja.

A polêmica em torno dos choques elétricos já levou a Food and Drug Administration (FDA), a agência federal dos EUA que pode acabar com a prática, a anunciar que iria proibir o dispositivo. Mas, até agora, a prática continua.

Ciberia